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domingo, 7 de novembro de 2010

Chávez quer vender petróleo na Europa através de Sines

O Presidente venezuelano assinou seis acordos com empresas nacionais. Dois deles com a Galp.

A Galp Energia assinou ontem, em Viana do Castelo, dois memorandos de entendimento com o Governo venezuelano, na presença do mediático presidente Hugo Chávez e do primeiro-ministro português, José Sócrates.

O primeiro acordo diz respeito a um estudo para verificar a possibilidade do Porto de Sines se poder afirmar como uma plataforma de distribuição do petróleo venezuelano para a Europa e o Mediterrâneo. Já o segundo visa a constituição de uma empresa mista de transporte e liquidificação de gás natural.

Ferreira de Oliveira, presidente executivo da Galp Energia, em declarações ao Diário Económico dava conta da sua satisfação: "Sobre o primeiro acordo temos 12 meses para verificar a possibilidade de nos assumirmos como plataforma de distribuição". O gestor da petrolífera portuguesa adianta que "para já é apenas um estudo, depois logo se verá o que se segue". Já sobre o segundo acordo, Ferreira de Oliveira diz que se "trata de uma renovação do contrato já estabelecido". E acrescenta: "Trata-se de um trem de liquidificação de gás (delta-caribe) produzido pela petrolífera venezuelana e a Chevron". Segundo o Diário Económico apurou este acordo já tinha sido estabelecido e estava prestes a terminar o prazo, pelo que as autoridades venezuelanas, em conjunto com a Galp, resolveram alargar o prazo.

Outro dos acordos assinados diz respeito à construção por parte dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) de dois barcos asfalteiros no valor de 130 milhões de euros. Para o primeiro-ministro José Sócrates, "são navios da última geração, de grande exigência tecnológica, num contrato da maior importância para os estaleiros e para a economia portuguesa". A importância para os estaleiros prende-se com o facto do estaleiro estar a viver dias de algumas dificuldades com a falta de encomendas. Fonte do Governo adiantou ao Diário Económico que "com este contrato os ENVC ficam a trabalhar a 100%". De fora, fica para já a aquisição do ‘ferry' Atlântida, pelo Governo de Chávez, apesar do presidente da Venezuela se ter mostrado "muito interessado" na compra do navio pelo montante de 35 milhões de euros. O ‘ferry' Atlântida tinha sido encomendado pelo governo regional dos Açores que depois acabou por não o adquirir.

Em cima da mesa voltou a estar a assinatura de um contrato com o grupo Lena. Este acordo que já tinha sido assinado na primeira visita de Sócrates a Caracas, tem em conta a construção de 12.512 habitações sociais e três fábricas de casas pré-fabricadas, um negócio calculado em 682 milhões de euros. De destacar ainda a assinatura de um memorando de entendimento para o fornecimento de mais 1,5 milhões de computadores Magalhães à empresa J. P. Sá Couto no prazo de três anos.

Chávez compra barcos e habitações prefabricadas

Contrato de construção de prefabricados, no valor de cerca de mil milhões de dólares, fechado com o grupo Lena:

A visita-relâmpago de Hugo Chávez a Portugal saldou-se na compra de dois barcos asfalteiros aos Estaleiros de Viana do Castelo num valor de 130 milhões de euros - financiado pelo Banco Espírito Santo - e na assinatura com o grupo Lena do contrato definitivo para a construção de 12 512 habitações sociais, e de três fábricas para a produção de material prefabricado de tecnologia nacional. Existe a perspectiva de que possam existir novos contratos de construção, confirmou ao i o secretário de Estado do Comércio e da Defesa do Consumidor, Fernando Serrasqueiro. O contrato com o grupo Lena, proprietário do i, tem o valor de cerca de mil milhões de dólares (cerca de 715 milhões de euros), segundo revelou o secretário de Estado.

Foram assinados vários outros protocolos, com vista à concretização futura de novos negócios. Um ferry está em obras de remodelação com vista a ser vendido à Venezuela para fazer o transporte entre o continente e ilhas, como a Margarita, mas Chávez mostrou interesse em adquirir um segundo ferry aos Estaleiros de Viana.

Um outro protoloco foi assinado com o governo regional dos Açores com vista à contratualização de compra de produtos alimentares regionais - já foram encomendadas 1000 toneladas de atum à COFACO, empresa de conservas açorianas.

A Galp renovou o acordo para a exploração de gás e assinou um protocolo com vista à concretização futura de um contrato de armazenamento e distribuição de gás, nomeadamente a sua futura injecção na Europa, confirmou o secretário de Estado.

Foi também assinado um protocolo para a venda à Venezuela de 1,5 milhões de computadores Magalhães em três anos, um acordo que prolonga o inicial contrato de um milhão de computadores da firma J.P. Sá Couto já entregues.

Duas mãos O presidente venezuelano, afirmou ontem que vinha a Portugal par dar "as duas mãos" a José Sócrates num momento "difícil" da vida nacional. "Estou muito contente por estar em Portugal. Estamos à procura de oportunidades em todo o mundo e viemos aqui a pedido do meu amigo José Sócrates,um bom homem. Num momento difícil para Portugal, viemos dar-lhe as duas mãos", afirmou Chávez à chegada ao Porto, citado pela Lusa.

O avião do presidente venezuelano chegou às 11h00. Chávez veio acompanhado por nove ministros e foi recebido pelo secretário de Estado do Comércio e da Defesa do Consumidor e pelo embaixador da Venezuela. Nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), que visitou na companhia do presidente da Venezuela, José Sócrates, afirmou que a visita de Chávez constitui "um contributo para a economia e o emprego". "É um grande dia para as relações entre os dois países", afirmou o primeiro-ministro, elogiando a relação "muito intensa" entre os dois países e uma cooperação bilateral que "evoluiu muito nos últimos anos". "Em 2007, as exportações portuguesas para a Venezuela eram de 17 milhões de euros, praticamente inexistentes. Em 2009 eram já de 122 milhões de euros. Este ano, de Janeiro a Agosto, já vendemos para a Venezuela cerca de 100 milhões de euros", disse o primeiro-ministro.

Depois de assinar os acordos em Viana do Castelo, Hugo Chávez partiu para Matosinhos, onde visitou a fábrica de computadores Magalhães da JP Sá Couto. Em Viana do Castelo, Chávez visitou também a fábrica de torres eólicas da Enercom e elogiou o "grande contributo de Portugal para o desenvolvimento do mundo" por estar a investir em energias renováveis. "Este tipo de energia é o futuro", disse Chávez. "Algum dia há-de acabar o petróleo neste planeta, esperemos que em 3500, mas algum dia há-de acabar".